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DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

Mais uma hora velou. Deu meia noite
Rendeu-se o quarto no maior silêncio.
Acalmada  a emoção, e mais convicto,
Fez sinal, e a esquadra pôs a capa,
Sem que alguém da manobra, visse a causa.
Sentado e enfraquecido por vigílias,
Ainda olhava, mas cedendo ao corpo,
Ali mesmo dormiu, até que de um salto,
Erguido ao trom de festival bombarda.
E da  grita  dos  seus que repetiam,
Com Bermejo, na "Pita-terra! terra"
Sem olhar, convecido da verdade,
Por grato impulso, ajoelhou-se orando,
Antes que a terra lhe alegrasse a vista!
Vinha o dia rompendo e descobrindo,
Sobre a linha do mar, a terra ansiada,
Como, se empaste das fecundas tintas,
A natureza e a luz na tela fulgem,
Assim fulgia o ondulado aspecto,
De frodente floresta e pouco a pouco,
Ao sorriso das horas fugitivas.
No ar se abriram graciosas palmas,
Como guerreiros de emplumados elmos,
Vindos à plaga afestejar as naves,
Com o prumo na mão, andando a costa,
Entrou numa obra que no fundo tinha
Surgidouro  seguro. Manda o chefe
A manobra de paz e a um tempo viu-se
Cair o pano atravessa a frota,
Morder o ferro a desejada areia.
Os descrentes então se convenceram
De um homem de Deus vê mais que os outros.
Baixam dos turcos o ligeiro esquife.
E o real escaler apendoado.
O prazer que remoça agita o Nauta.
Larga o burel da devoção, e o peito
De lúcida couraça veste; cinge
A espada de almirante, e sobre os ombros
Traça um manto escarlate, mimo régio,
]Protege a fronte com um brilhante almafre,
De cujo cimo ponteagudo rompe
Trífida palma de recurvas plumas.
Toma o ascto real feito em granada,
E o pendão de Isabel, o novo lábaro
Que há de breve vencer mais que o de Roma.
Descem com ele os empregados régios
E os Pizões, a quem dera honra e guarda
Do estandarte real. Acena ao mestre
Alam as prontas vagas à ribeira.
Qual amplexo de amor, todos sentiram.
O doce abalo do encontrão da praia
De um salto juvenil pisa colombo
A nova terra, e, com seguro braço
A bandeira real no solo planta.
Beija a plaga almejada, ledo e chora:
Foi geral a emoção. Disse o silencio
Na mudez respeitosa mais que a lingua.
Ao céu erguendo os lacrimosos olhos,
Na mão sustendo o crucifixo, disse:
"Deus eterno, Senhor Onipotente,
A cujo verbo criador o espaço,
Fecundado, soltou o firmamento,
O sol, e a terra, e os ventos do oceano,
Bendito, sejas, Santo, Santo, Santo!
Sempre bendito em toda parte sejas,
Que se exalte tua majestade
Por haver concedido ao servo humilde
O teu nome louvar nestas distâncias,
Permite, ó Senhor, que agora mesmo,
Como prímicias deste, Santo empenho,
A teu filho Divino Humilde ofereça
Esta terra e o mundo sempre a chame
"Terra de Santa Cruz"! E que assim seja "
Ergue-se, o laço do estandarte afrouxa
Sopra o vento, desdobra-o, resplandecem
De um lado a margem o cordeiro, e do outro
As armas espanholas. Como assenso
Da divina mansão, esparge a brisa
Um chuveiro de flores sobre as margem,
Flores não vistas da européia gente.

                                      ( Colombo)

Manoel de Araújo Porto Alegre
Nasceu em Rio Pardo, RS, brasil, em 1806 e faleceu em 1879.
Poeta e pintor, morou na França onde estudou e voltou ao Brasil  onde recebeu o titulo de Barão de Santo Angelo. Suas obras são interessantes, especialmente, nas descrições, embora lhe falte originalidade.
com influência  de grandes escritores como: Camões e Basilio da Gama, Colombo carece de emoções, em seus versos a mais intelilencia que sencibilidade.
A qui nesta pesquisa , Silvio Romero e Manuel Bandeira não elogiam sua poesia...mas vale apena conhece-la.


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