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" HÁ NO HOMEM UM VAZIO DO TAMANHO DE DEUS".







Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.
Conheça o autor e sua obra visitando "Biografias".

Poema da necessidade

É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores

de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.


Dando continuidade a postagem sobre a vida de Carlos Drummond de Andrade, onde eu falava da sua opção em não conhecer a Deus,( que eu com todo respeito enfatizei aqui, que não estou a criticar mas a conhecer mais dele, do homem e de suas escolhas) hoje mostrarei o caminho de sua vida até a sua morte.
" Entretanto, o poeta resolveu manter-se fiel ao seu estado de orfandade espiritual e a resignação.
Anos depois ele revela sua atitude diante da morte, e diz : Aceito a ideia da morte, como não tenho religião, não vou pedir a Deus para prolongar minha vida, ou para me dar uma morte serena: Aceito minha sorte. Só quero morrer tranquilo comigo mesmo. Eu me desejo uma boa morte.
E foi em um  completo estado de rejeição a Deus que o poeta partiu para a eternidade".
Dados da revista FIEL, de Junho de 2010 pág. 17


4 comentários:

Joaquim do Carmo disse...

O meu aplauso sincero para esta homenagem ao grande poeta da nossa língua que, apesar de não ser crente terá feito muito mais, com suas letras inspiradas, do que tantos que dizem acreditar!
Beijinho e um fim-de-semana com muito amor!

MA disse...

Hola amiga precioso homenaje, un placer visitar tu blog ,y dejarte mi cariño sincero de siempre para ti amiga.

Besos de MA

Chris B. disse...

Um grande beijo especial para ti amada minha, mama.

Uma linda homenagem...

Que seu domingo seja cheio de luz.
Beijos em ti.
Filhota

Amelia disse...

linda homenagem,a este poeta tão famoso por suas obrss.que pena que ele não cria no amor de Deus.que restaura todas as coisas.e nos faz ver a vida com olhos de esperança.beijos amiga.