sou e não sou

Sou destroço dum naufrágio
Sou restos de sonhos
boiando ao mar.


Sou aquele vento forte, que se fez fraco.
Sou sabor repugnante, que feriu teus lábios
impedindo-o de falar.


Sou bumerangue, que tu jogas, e repudia,
e outra vez joga e volta a te cercar.
pra lá e pra cá, sem descanso te dar.
Sou o que precisa parar, afastar, renunciar...


Sou nada, e existo sendo o que precisa não existir.
Sou o que penso ser, e comigo falo e crio o compreender
mas sou o que vivo, e esse é meu viver,
sem vida, e sem nada a oferecer.


Sou eu, pensando ser tua.
Sem permissão de existência
e sem coerência, sou o sonho que criei
a desilusão que arranjei.
Sou o que nunca poderia ter sido.


Sou a inexistência do  desejo.
Sou tão forte no que sou
que me destruo no que não quero ser.


Sou... ajude-me a nada ser, pra agradar teu querer.
Por que o que sou é só o que desejo ser, tua...
pro resto dos tempos viver.


valquiria calado