É noite, o vento ergue as ondas açoitando-as no ar
Eu me vejo como elas, entregue à maré
deixando-me conduzir pela correnteza, vencida!
Olhando o céu posso entender a luz prata que encanta
e transforma em escamas a espuma que forma-se
ao quebrantar das águas salgadas, abundantes!
Meu corpo mulher traí-me em gemidos incertos de condições...
Ora fora prazer, na escassez desse, dor!
(Involuntariamente sentirei saudades desse amor).
Percebo que fui expelido do mar, encontro-me entre outros lixos
que foram abortados pelas ondas, destroços de náufragos, morte!
Abandonada, o luar banha-me, lambe-me o corpo dando reflexo e luz.
Olhares ocasionalmente me fitam, indiferença da diferença.
Sou desprezível ao conceito? Sou encantadora e misteriosa, sou paixão.
Tenho a coragem da verdade, e a impulsividade curiosa da fêmea, sou vida!
Estabeleço meus conceitos, refaço-me na certeza, erguendo-me mais forte
Eu sou aquela que lutou, acreditou, venceu os infortúnios, venci!
Sei que sou, e lembro de onde vim, agradeço a Deus sua ajuda.
Tenho a meiguice e a ingenuidade da menina, a sensualidade e
o mistério da sereia, o coração de poeta e a força da mulher.
O que me faz gigante é perdoar, e o que me faz pequena é a humildade.
Tenho o sonho que me leva em seus abraços,
sempre que me deito em devaneios posso existir acima dos maus.
Possuo a companhia dos anjos, a luz da lua, o cintilar das estrelas.
E navego no oceano do amor, com pureza nua de uma ninfeta
que deseja a entrega, mas com sincera bondade mutoa, espera...
Sonho com o mundo vestido de auroras, com melodiosas palavras de amor!
Valquíria Calado
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