Vaidade
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou andando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou andando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
***
De ti que és a vitória, a salvação,
De ti que me trouxeste pela mão
Até ao brilho desta chama quente.
A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão,
Foi graça no meu peito de descrente.
Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira.
E eu, que era neste mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o Sol!
- Águia real, apontas-me a subida!
Falo de Ti às Pedras das Estradas
Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;
Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;
Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!
Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;
Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;
Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!
***
Meu amor, meu Amado, vê...
Meu amor, meu Amado, vê... repara:
Pousa os teus lindos olhos de oiro em mim,
- Dos beijos de amor Deus fez-me avara
Para nunca os contares até ao fim.
Meus olhos têm tons de pedra rara
- É só para teu bem que os tenho assim -
E as minhas mãos são fontes de água clara
A cantar sobre a sede de um jardim.
Sou triste como folha ao abandono
Num parque solitário, pelo Outono,
Sobre um lago onde vogam nenúfares...
Deus fez-me atravessar o teu caminho...
- Que contas dás a Deus indo sozinho,
Passando junto a mim, sem me encontrares? -
***
Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas…
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas…
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas…
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas…
***
O Que Tu És
És aquela que tudo entristece,
Irrita a amargura, tuda humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.
Irrita a amargura, tuda humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.
Aquela que o sol claro entenebrece,
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina, e aquece!
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina, e aquece!
Mar Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão, como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!
A rastejar no chão, como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!
És ano que não teve Primavera…
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!…
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!…
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10 comentários:
Oi querida amiga...que lindeza seu post!
Amei!!!!!!
SUA ESCOLHA FOI PERFEITA!
Bjos e carinho sempre!
Zil
Sempre, sempre.Valeu,Val. Beijos
A mesma mensagem, feita de forma diferente e mais actualizada.
Só em direcção a ELE a vida faz sentido.
Um bom fim de semana.
Beijos.
sempre Florbela... adoro os escritos dela..
Linda escolha querida!
beijo e bom findi.
Florbela Espanca é uma excelente escolha. Uma mulher que não cabia em si própria, nem no seu tempo.
Um abraço e a continuação de um ano à medida dos seus sonhos.
Que post mais intenso Mama...
Estamos bem e tu amada? Saudades imensa de ti e queria poder abraçá-la bem forte mama minha.
Deixo um beijo para ti e Sarinha Amada,
Lindo,lindo,lindo!
esse blog emociona pela sensibilidade da autora em escolher mensagens tocantes,estarei sempre por aqui,obrigada pela visitinha.
Beijos,by Carla
www.blogmeureino.blogspot.com
Valquiria: Os meus parabéns pelo teu post, lindo de mais amo a poesia de Florbela Espanca.
Beijos
Santa Cruz
Menina,
perfeito!só faltou Fumo.
Bom final de semana,boas energias!Obrigada pelo carinho da visita,Luz!
Mari
imparato molto
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