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CHOVIA


Chovia doce no sal de minhas lágrimas
Eu somente compassava meus soluços
entre o tilintar e o uivo dos ventos. 

Chovia tanto em mim que já não distinguia o rio do mar
tudo era águas arrasadoras que demoliam sonhos
estes últimos já sem de subsistir.

Aos poucos senti que eras e limos cresciam, 
 grudavam, aderiam ao corpo como se dele pertecessem
 na umidade de tantas águas passadas, assim o foi...

Meus olhar mesmo escondido do mundo exterior, não podia 
esconder-se de mim, eu, pobre eu, não ousava reconhecer-me
Não consegui destino navegante, afundei.

Naufraga, esquecida sob águas profundas com longas distâncias, submergidas ali onde eu descansaria da árdua tarefa de rabiscar sonhos 
onde nada nem ninguém poderá iludir-me com luzeiros ilusórios, descansarei. 

Não estarei só, terei lembranças de realidades irreais que somente poetas
sonhadores de muitos mundos, viajantes alados  das mais estupendas emoções bravamente aventurou-se. 
Conquistei sim com coragem o meu amor maior, eu mesma!

Valquíria Calado.

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