Preciso escrever o sentir como  quem sacode a poeira dos anos

não posso deixar acumular para que o peso me impeça de sonhar

Os dias são tão tensos,.. Faço covas e semeio mansidão

Rego com bom senso olhando o tempo cuidar da germinação

Então se vão os dias com horas tão vagarosas...

Quando me olho vejo que estou coberta de pó, pó do esquecimento

Já não sou como antes, refiz meus ideais, aprimoro o querer 

antes do sentir evitando indecisões secas, frustradas colheitas

Não me desespero com a escassez, nem com a fome emocional

Costumo sacudir todos os dias o pó dos dias  maus, descansar de tudo

Pela manhã sempre haverá fresco que me  refaz, o ontem era

Hoje é o que é, e amanhã o que tiver de ser, com ou sem florescer, vivo

Livrando-me do acumulo cultivo as semente dos dias com força e determinação, 

crendo que as chuvas açoitam pra nos livrar do pó e renovar o florescer.

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Valquíria Calado